Afleveringen
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Nota do editor Vamos usar o último episódio do Tecnocracia em 2024 para testar outro modelo de publicação, com a transcrição separada (e compatível com apps como Apple Podcasts e Spotify) e, na descrição, links e outros materiais citados pelo Guilherme. Conta pra gente o que você achou?
É comum a gente fazer planos e a vida acontecer. Existia um de terminar a sexta temporada do Tecnocracia com um episódio sobre cartórios — eu, inclusive, anunciei isso no episódio que você vai ouvir hoje —, mas o fim de ano foi mais agitado do que eu antevia. Para não terminar de supetão, resolvi republicar aqui uma entrevista que dei ao Gabs Ferreira no podcast dele, o Olá, Gabs — com o consentimento do Gabs, lógico.
O Gabs criou o podcast dele em 2023 e, em meio a tantos podcasts no mesmo formato “mesacast” e notícias da semana, ele resolveu seguir um caminho diferente — me orgulho de saber que o Tecnocracia foi uma das suas inspirações. Então se você gosta do Tecnocracia, ouça também o Gabs.
Na nossa conversa, eu falo da minha trajetória profissional, a ideia de montar uma empresa numa área sem qualquer experiência pregressa, a importância do timing e da sorte além do trabalho, o que significa trabalhar em uma empresa própria e a necessidade de descanso.
Links citados no episódioProgramador, jornalista, podcaster: quem é Guilherme Felitti, no Olá, Gabs.Moiru.AI.***
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Este é o terceiro episódio do Tecnocracia sobre a emergência climática. No episódio #78 demos uma pincelada geral no problema e no #84 falamos sobre como a humanidade usa energia, a principal razão para estarmos neste buraco. Dá para ouvir este episódio tranquilamente sem ouvir os outros, mas você aproveitará melhor as informações se ouvi-los em ordem.
Um resumo rápido do que estamos falando — repetição é nossa amiga quando trabalhamos com problemas urgentes:
Há um consenso científico de que o planeta está esquentando por ação humana, principalmente devido à queima de combustíveis fósseis e à liberação de gases carregados de carbono na atmosfera.O excesso de carbono interfere em um processo natural: a Terra recebe uma grande quantidade de energia do Sol. Parte da qual deveria retornar ao espaço, mas o carbono atua como uma barreira e retém parte dessa energia, o que aquece o planeta. É o famoso “efeito estufa”.Três gases principais estão envolvidos: dióxido de carbono (CO2), metano e óxido de nitrato. Embora o CO2 seja o mais emitido, o metano e o óxido de nitrato são mais potentes em reter calor. Todo ano, a humanidade despeja mais de 50 bilhões de toneladas destes três gases na atmosfera. A temperatura média da Terra já está próxima de 1,5º C acima dos níveis pré-industrial. Esse aumento pode parecer pequeno, mas representa um ponto de inflexão para o clima global. Segundo o IPCC, passar desse limite poderá tornar os eventos climáticos extremos, como enchentes e secas, ainda mais frequentes e intensos.A única solução é a descarbonização, um desafio imenso devido à dependência da economia global de combustíveis fósseis. O problema é urgente e precisa de ação imediata. Não existe tempo para entreter negacionismo e/ou ignorância.O Tecnocracia #84, sobre como o uso de energia pela humanidade nos levou à emergência climática, terminou num climinha longe do otimista — talvez “enterro de gente querida” seja mais preciso. É uma sensação comum quando se discute o tema: no balanço entre notícias boas — a popularidade explosiva da energia solar, por exemplo — e notícias ruins, estas sempre deixam um impacto maior em nós. Pessimismo e o desânimo consequente não são bons pontos de partida para resolver um problema tão urgente quanto aparentemente insolúvel. Já foi pior, mas, nessa fatia do espaço-tempo que ocupamos, não é óbvio ser otimista com a questão climática. Há o que fazer, embora não para nos devolver de onde não deveríamos ter saído. Parece claro que o marco de 1,5º C acima da temperatura pré-industrial está contratado. Vai rolar, não tem como voltar atrás. Já estamos sofrendo as consequências. O que dá é se resignar e deixar de fazer o que for possível para evitar os próximos degraus e suas consequências nefastas.
No oitavo episódio da sexta temporada do Tecnocracia, a gente vai mapear o que eu, você ou qualquer pessoa preocupada com a emergência climática pode fazer. Vamos voltar algumas décadas para entender se as sugestões com as quais crescemos ainda fazem sentido e entender se a sociedade civil tem poder e, se sim, qual ele é. Spoiler: não envolve reciclagem.
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Zijn er afleveringen die ontbreken?
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Este episódio é uma continuação do Tecnocracia #78 (“Não há assunto mais urgente que a mudança climática”), da mesma maneira que os episódios do House se sucedem: você pode ouvi-los de forma independente, mas é provável que aproveite melhor este se já tiver ouvido o anterior. Dá para dar risada do doutor Gregory House sem saber nada da história principal, mas você entende melhor algumas cenas que não envolvam o deus ex-machina da resolução de casos médicos extraordinários.
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Não é sempre, mas uma gota sozinha pode transbordar um balde. Abre aspas para a BBC Brasil:
Corre em livros de História a seguinte anedota sobre o então imperador Dom Pedro II: ao chegar ao baile que veio a ser o último do seu reinado e da monarquia, no dia 9 de novembro de 1889, tropeçou ao entrar no salão. Ao se reerguer, disse, brincando: “A monarquia tropeça, mas não cai.”
Se verdadeira, a piada carregava uma ironia que Dom Pedro II só conheceria mais tarde. A festa derrubou, de fato, a monarquia seis dias depois, em 15 de novembro de 1889.
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No Brasil o registro que funciona de verdade é o da torneira — e olha lá, que borrachinhas velhas desperdiçam litros e litros de água diariamente. Piadinha infame à parte, falemos sério: o Brasil não registra sua história direito e, quando registra, não cuida.
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Há uma longa lista de tecnologias e produtos criados para guerra e adaptados para a vida em tempos de paz. Trata-se de um processo justificado: guerras são momentos de comoção popular em que há esforços — tanto financeiros como de mão de obra — concentrados em um único objetivo.
Além de 75 milhões de mortos, nações destruídas, uma nova ordem geopolítica, um genocídio baseado em religião e um líder nazista cuja popularidade tem renascido pelas redes sociais, a II Guerra Mundial nos deu a computação. Na Inglaterra, a equipe liderada por Alan Turing criou uma máquina chamada de “Bletchley bombe” para quebrar as comunicações codificadas pelo sistema Enigma dos nazistas. Do outro lado do Atlântico, pesquisadores da Universidade da Pensilvânia criaram o ENIAC, considerado o primeiro computador eletrônico da história. Quarenta anos depois, o mercado da computação pessoal explodiu.
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O budismo nos ensina que uma das maiores fontes de frustração do ser humano são expectativas não cumpridas.
Na teoria a gente sabe, mas, rapaz… como é difícil não nutrir expectativas.
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Vamos começar o segundo episódio da sexta temporada do Tecnocracia explorando duas ideias sem um elo aparente entre elas.
A primeira saiu da cabeça de, facilmente, um dos dez seres humanos mais geniais da história. Em 1687, um polímata inglês de 45 anos lançou um livro chamado Princípios matemáticos da filosofia natural. O livro era composto de basicamente duas leis definidas pelo quarentão após décadas de observação e experimentação com matemática, astronomia e física. Você não apenas já ouviu falar delas, como o livro continua sendo fundamental em uma série de campos do pensamento humano: a lei do movimento e a lei da gravitação universal. Estamos falando de sir Isaac Newton.
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Então, eu quero começar a sexta temporada do Tecnocracia falando sobre tempo. Sobre duas acepções de tempo.
A primeira delas: o tempo como a sucessão irreversível de eventos que transforma o presente em passado e o futuro em presente. O tempo como os segundos que avançam no seu relógio. O tempo acumulado que resulta em cabelos brancos, dobras caídas e memória falha. O tempo nos dá distanciamento do que já vivemos, do que estamos vivendo agora. E este olhar à distância nos permite entender melhor o que passou. Dar um roteiro, conectar pontos. Essa interpretação acontece em camadas — quanto mais tempo te separa do evento, maior o contexto, mais profundo consegue ser o entendimento. Tal qual o jornalismo é o primeiro esboço da história, o recesso de fim de ano é também a primeira tentativa de olhar para trás e tentar entender que porra foi aquele ano dentro da sua história.
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Esse episódio começa com duas histórias separadas por quase 3 mil anos que se uniram por uma tecnologia. As duas histórias aconteceram em ambientes de que você já ouviu falar e, provavelmente, frequentou.
Atualização (18/12): Ao contrário do que foi publicado originalmente, o vulcão que atingiu Herculano e Pompeia foi o Vesúvio, não o Etna. (Como disse o Guilherme, esta errata prova que nem ele, nem eu, ficamos pensando no Império Romano.
A primeira é em Pompéia — não o bairro classe média cheio de ladeiras em São Paulo, mas a cidade no sul da Itália. Para falar a bem da verdade, não é exatamente Pompéia, mas uma cidadezinha do seu lado, uma espécie de São Caetano de Pompéia: Herculano. Em 790 a.C., uma erupção do vulcão Vesúvio produziu energia térmica 100 mil vezes maior que a da bomba de Hiroshima ou Nagasaki. A explosão do vulcão produziu uma coluna de gases e pedra liquefeita com 33 quilômetros de altura. Calcula-se que, a cada segundo da erupção, o vulcão despejava 1,5 milhão de toneladas de gases e lava 1. Como você bem sabe, a erupção foi forte o suficiente para enterrar debaixo de 20 metros de fuligem não apenas Pompéia, mas também Herculano.
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Este é o terceiro episódio de uma trilogia. Ao contrário de algumas das principais trilogias do cinema, é muito provável que você entenda tudo que eu vou descrever aqui, mas, tal qual em House, embora os episódios funcionem de forma independente, eles se complementam quando unidos. Ao contrário de House, aqui não tem o médico manco tendo uma epifania e criando um “deus ex-machina” lá pelo 36º minuto do episódio para que ele termine com a resolução do problema. Nas eleições brasileiras, tudo que poderia ter acontecido, aconteceu. Ou quase tudo — e não graças à big tech, mas a gente já chega lá.
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Este episódio é uma continuação do episódio anterior e o prelúdio para o próximo episódio.
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Perto das 19h30 do dia 1º de dezembro de 2022, o coronel Jean Lawand Junior, subchefe do Estado-Maior do Exército, abriu o WhatsApp e gravou uma mensagem de áudio para um colega do Exército. Nela, não existe espaço para subjetivo: Lawand clama para que “ele dê a ordem que o povo tá com ele”.
O “ele” na mensagem se referia ao ainda Presidente da República, Jair Bolsonaro, a um mês de sair do Palácio após ser derrotado nas urnas cinco semanas antes pelo agora presidente Lula. O destinatário da mensagem de Lawand era o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Cid era uma espécie de braço direito, faz-tudo do ex-presidente — onde estava Bolsonaro, estava Cid a tiracolo carregando pasta, celulares e afins.
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Queremos conhecer quem ouve o Tecnocracia. Se puder, tire dois minutinhos para responder a primeira pesquisa demográfica do podcast. Ajuda bastante e não custa nada.
Em janeiro de 1953, estreou no Théâtre de Babylone, em Paris, a nova peça de um dramaturgo irlandês chamado Samuel Beckett. Na peça, dois mendigos passam dois atos conversando sobre a vida, interagindo com outros três personagens e esperando um sujeito que só conhecemos pelo nome. Dado que em janeiro de 2023 completaram-se 70 anos da estreia, não tem por que se preocupar com spoiler, não é mesmo? Então um leve spoiler para você: no fim, o tal Godot não aparece e os mendigos, Estragon e Vladimir, terminam a peça revoltados com a ausência, mas imóveis, incapazes de se movimentarem. Ambos, em outras palavras, se mantêm Esperando Godot, o que vem a ser o título da peça. Esperando Godot é um clássico do teatro moderno, reencenado centenas de vezes com diferentes abordagens e panos de fundo e dissecada atrás de significados políticos, psicológicos, filosóficos, sexuais…
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E aí, descansou? Certeza? Todo fim de temporada do Tecnocracia eu sugiro em tom assertivo usar o recesso de fim de ano para parar e descansar a cabeça. Em 2022 o conselho foi ainda mais assertivo, dado o quão exaustivo foi o ano, tanto do excesso de trabalho como da pedreira emocional com as eleições de maior impacto desde a redemocratização.
A democracia sobreviveu (todos suspiram de alívio) e o segundo semestre produziu material para décadas de dissertações e teses de política, ciência sociais e psiquiatria, mas terminamos o ano em frangalhos. Usamos, logo, o pouco tempo de recesso e as férias que foram se encavalando frente a tanta coisa urgente para parar tudo, sair da rotina, nadar no meio da tarde, passear quilômetros com o cachorro e usar outras partes da cabeça que não as que a rotina se acomoda.
Depois de tanto tempo fazendo sempre tanto e adaptados a rotinas em que o excesso de atividade eliminou a contemplação, como reaprender a não fazer nada? Mergulhados numa cultura que incentiva de forma quase doentia a produtividade até mesmo nos nossos hobbies, como parar e usar o tempo de que dispomos com a cabeça vazia? Perceba que essa noção de produtividade é tão profunda que meu instinto foi usar o verbo “desperdiçar” tempo, trocado por “usar” ao notar a ironia. Essas não são perguntas retóricas e para explicar eu vou lançar mão de uma história pessoal.
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Dois mil e vinte e dois não foi um ano bom para aquela sensação tecno-utópica que nos tomou nas últimas duas décadas. Quem defende a certeza quase religiosa de que tecnologia só serve para o bem teve que dar piruetas argumentativas dignas de Daiane dos Santos. Por outro lado, quem encara a questão com ceticismo — eu e toda a galera envolvida no Manual do Usuário — termina o ano com uma sensação de surpresa, de não esperar algumas implosões tão rápidas e definitivas como vistas em 2022.
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Conta o mito que cerca de 750 antes de Cristo dois gêmeos foram abandonados pela mãe nas margens do rio Tibre, na Itália, após o pai mandar matá-los. Segue a lenda que aquele rio tinha um deus específico chamado Tiberino que salvou os gêmeos da morte e permitiu que, mais tarde, uma loba os encontrasse no meio do mato e os alimentassem. O leite da loba garantiu que Rômulo e Remo sobrevivessem até que um pastor os adotassem.
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Em 1903, dois imigrantes que chegaram aos Estados Unidos fugindo do Império Russo deram à luz a um sujeito chamado Gregory Pincus. Ninguém sabia ainda, mas Pincus seria considerado, décadas mais tarde, um gênio. Depois de se formar em biologia na Universidade de Cornell e defender com sucesso seu mestrado e doutorado na Universidade de Harvard, Pincus encontrou a grande área da biologia que o interessava: a reprodução e o papel dos hormônios nela.
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Nota do editor: Este é um Tecnocracia diferente, gravado ao vivo pelo Guilherme Felitti durante a Python Brasil, evento que rolou em Manaus (AM) no último sábado (22). O texto abaixo foi levemente adaptado para facilitar a leitura. Se preferir, veja no YouTube e acompanhe os slides.
Quando me convidaram [a palestrar na Python Brasil], fiquei muito honrado e pensando por que que me chamaram. Não foi exatamente pela minha capacidade de programar em Python. Tem seis anos que programo — eu era jornalista e fiz uma mudança de carreira.
Meu nível técnico é muito melhor do que era, mas tem algumas coisas do Python que ainda não consigo entender, como decoradores. Aquilo para mim um grande mistério. O ponto principal é eu não estou aqui para falar de questões técnicas, mas para “desanimar” vocês um pouco. Quero conversar sobre as consequências da tecnologia, porque falar das consequências da tecnologia é falar também do trabalho de vocês e como ele está impactando a sociedade.
Começo dizendo que nenhuma tecnologia é isenta, nenhuma tecnologia age no vácuo. A partir do momento que ela sai da mente humana, ela sempre é adaptada e impacta outros seres humanos. De uma maneira um pouco menos etérea, isso significa que as tecnologias, quando são introduzidas na sociedade, têm consequências que quase ninguém é capaz de antever.
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Tecnologia cria hábitos e hábitos criam memórias. Um dos hábitos alimentados por tecnologia que a juventude brasileira de classe média na década de 1990 tinha era, na sexta à noite, ir até uma videolocadora. Na época, a mídia ainda era física e, consequentemente, limitada — hoje, a mídia é um apanhado de dados gravado num disco rígido (na sua máquina ou num servidor na nuvem), o que a torna ilimitada pela reprodutibilidade. Quando o videocassete se tornou barato no fim da década de 1970, explodiu o fenômeno do homevideo e os apocalípticos de ocasião juraram que o reprodutor doméstico mataria os cinemas. Na real, os cinemas ficaram bem e os estúdios encontraram uma nova forma de recuperar o investimento na produção dos filmes. Mas como comprar mídia física original era caro, surgiu um modelo do aluguel. As locadoras de vídeo dominaram a maneira como consumíamos multimídia — não apenas filmes, mas games também — na década de 1990.
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