Afleveringen

  • 👉 INFORMAÇÕES E INSCRIÇÕES para o curso completo (SOMENTE até segunda, 28/04) neste link: https://www.cursoslivresdefilosofia.com/2025/04/bergson-evolucao-criadora-curso-online.html


    BERGSON: A EVOLUÇÃO CRIADORA
    Aula 1: Introdução


    03:35 - Exposição dos conceitos

    50:09 - Citações comentadas

    1:44:40 - Informações sobre a organização do curso

    1:54:33 - Perguntas e comentários


    CITAÇÕES: https://www.cursoslivresdefilosofia.com/p/bergson-evolucao-criadora-aula-1_21.html


    APÊNDICE:
    Sobre Henri Bergson: https://www.ihuonline.unisinos.br/artigo/1334-henri-bergson

    ________________


    📚 Livro "Introdução à filosofia de Bergson": https://www.amauriferreiraescritos.com/p/introducao-filosofia-de-bergson.html

    👉 Acompanhe a programação de cursos pelas redes sociais: https://linktr.ee/amauriferreira

    👨‍🏫 AMAURI FERREIRA é professor, escritor e filósofo. Desde 2006 ministra cursos livres de filosofia. É autor dos livros "Simplicidade Impessoal" (2019) e "Singularidades Criadoras" (2014). É também autor de livros introdutórios sobre Spinoza, Nietzsche e Bergson. Visite: https://www.amauriferreira.com

  • Áudio extraído de videoaula no canal de Amauri Ferreira no YouTube

    Trecho de aula online em 17/09/24.

    Citações lidas e comentadas no áudio a partir de 39:49

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    Livro "Introdução à filosofia de Bergson"

    AMAURI FERREIRA é professor, escritor e filósofo. Desde 2006 ministra cursos livres de filosofia. É autor dos livros "Simplicidade Impessoal" (2019) e "Singularidades Criadoras" (2014). É também autor de livros introdutórios sobre Spinoza, Nietzsche e Bergson. Visite: https://www.amauriferreira.com

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  • Áudio extraído de videocurso no canal de Amauri Ferreira no YouTube

    Aula 2, em 13/05/24 - O asilo da ignorância: a causa final como ilusão humana

    Minicurso online ministrado em 06/05/24 e 13/05/24

    0:00 - Resumo da aula 1
    10:50 - Exposição dos conceitos.
    57:12 - Citações comentadas.


    CLIQUE AQUI para acessar as citações que foram comentadas durante a aula.


    Apêndice:

    Audioaula "Spinoza - Mente e corpo"


    Para o filósofo Baruch Spinoza, Deus é uma potência absolutamente infinita de existir, sem nenhuma finalidade, ou seja, nada falta a Deus. Tudo que existe, existe em Deus e Deus existe em tudo, razão pela qual a nossa mente pode conhecê-lo quando há um modo virtuoso de vivermos. Portanto, ao contrário do Deus da teologia (transcendente, antropomórfico e criador), o Deus de Spinoza é produtor imanente das coisas existentes, pois elas exprimem a potência de Deus, ou seja, da natureza.

    Aula 1 - Deus ou a natureza: a causa livre de todas as coisas.

    Aula 2 - O asilo da ignorância: a causa final como ilusão humana.


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    Livro "Introdução à filosofia de Spinoza"

    AMAURI FERREIRA é professor, escritor e filósofo. Desde 2006 ministra cursos livres de filosofia. É autor dos livros "Simplicidade Impessoal" (2019) e "Singularidades Criadoras" (2014). É também autor de livros introdutórios sobre Spinoza, Nietzsche e Bergson. Visite: https://www.amauriferreira.com

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    Aula 1, em 06/05/24 - Deus ou a natureza: a causa livre de todas as coisas

    Minicurso online ministrado em 06/05/24 e 13/05/24.

    0:00 - Informações sobre a organização do minicurso.
    05:26 - Exposição dos conceitos.
    55:18 - Citações comentadas.

    CLIQUE AQUI para acessar as citações que foram comentadas durante a aula.



    Apêndices:

    1. Entrevista com Maria Luísa Ribeiro Ferreira, "Um iconoclasta panenteísta"

    2. Audioaula "Spinoza - Deus, natureza, eternidade"

    3. Audioaula "Spinoza - Natureza naturante e natureza naturada"



    Para o filósofo Baruch Spinoza, Deus é uma potência absolutamente infinita de existir, sem nenhuma finalidade, ou seja, nada falta a Deus. Tudo que existe, existe em Deus e Deus existe em tudo, razão pela qual a nossa mente pode conhecê-lo quando há um modo virtuoso de vivermos. Portanto, ao contrário do Deus da teologia (transcendente, antropomórfico e criador), o Deus de Spinoza é produtor imanente das coisas existentes, pois elas exprimem a potência de Deus, ou seja, da natureza.

    Aula 1 - Deus ou a natureza: a causa livre de todas as coisas.

    Aula 2 - O asilo da ignorância: a causa final como ilusão humana.


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    Livro "Introdução à filosofia de Spinoza"

    AMAURI FERREIRA é professor, escritor e filósofo. Desde 2006 ministra cursos livres de filosofia. É autor dos livros "Simplicidade Impessoal" (2019) e "Singularidades Criadoras" (2014). É também autor de livros introdutórios sobre Spinoza, Nietzsche e Bergson. Visite: https://www.amauriferreira.com

  • Áudio extraído de videocurso no canal de Amauri Ferreira no YouTube

    Minicurso híbrido (presencial e online) ministrado em 06/04/24 na Tapera Taperá.

    00:00 - Exposição dos conceitos
    1:00:55 - Perguntas e comentários
    1:28:33 - Citações comentadas
    2:21:00 - Perguntas e comentários

    CITAÇÕES

    MATERIAL COMPLEMENTAR

    Segundo Friedrich Nietzsche, o ressentimento é caracterizado, primeiramente, pela incapacidade de esquecermos a impressão recebida, impedindo a assimilação - ou digestão - daquilo que nos aconteceu. Desse modo, a vida em nós, como vontade de potência, se torna aprisionada pelo passado ressentido. Como consequência disso, o ressentimento se desenvolve em uma vontade de encontrar culpados. A cura do ressentimento, indica Nietzsche, ocorre a partir do favorecimento das nossas forças criadoras que permitem o esquecimento, a transmutação dos acontecimentos passados e a invenção de futuro, havendo, portanto, a afirmação da vida (eterno retorno e "amor fati").

    Livro INTRODUÇÃO À FILOSOFIA DE NIETZSCHE

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    AMAURI FERREIRA é professor, escritor e filósofo. Desde 2006 ministra cursos livres de filosofia. É autor dos livros "Simplicidade Impessoal" (2019) e "Singularidades Criadoras" (2014). É também autor de livros introdutórios sobre Spinoza, Nietzsche e Bergson. Visite: https://www.amauriferreira.com

  • Áudio extraído de videoaula no canal de Amauri Ferreira no YouTube

    Trecho de aula em 11/03/23, na Tapera Taperá.

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    Livro INTRODUÇÃO À FILOSOFIA DE SPINOZA

    AMAURI FERREIRA é professor, escritor e filósofo. Desde 2006 ministra cursos livres de filosofia. É autor dos livros "Simplicidade Impessoal" (2019) e "Singularidades Criadoras" (2014). É também autor de livros introdutórios sobre Spinoza, Nietzsche e Bergson. Visite: www.amauriferreira.com

  • Trecho de aula em 13/07/22, por Amauri Ferreira.

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    Livro INTRODUÇÃO À FILOSOFIA DE NIETZSCHE

    AMAURI FERREIRA é professor, escritor e filósofo. Desde 2006 ministra cursos livres de filosofia. É autor dos livros "Simplicidade Impessoal" (2019) e "Singularidades Criadoras" (2014). É também autor de livros introdutórios sobre Spinoza, Nietzsche e Bergson. Visite: https://www.amauriferreira.com

  • Trecho de aula em 20/07/22, por Amauri Ferreira.

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    Livro INTRODUÇÃO À FILOSOFIA DE BERGSON

    AMAURI FERREIRA é professor, escritor e filósofo. Desde 2006 ministra cursos livres de filosofia. É autor dos livros "Simplicidade Impessoal" (2019) e "Singularidades Criadoras" (2014). É também autor de livros introdutórios sobre Spinoza, Nietzsche e Bergson. Visite: https://www.amauriferreira.com

  • Áudio extraído de videoaula no canal de Amauri Ferreira no YouTube

    Trecho de aula em 05/10/22, na Esquina Lab Mundo Pensante.

    00:00 - Exposição dos conceitos
    44:47 - Citações comentadas:

    A questão é a seguinte: o que pode um corpo? De que afetos você é capaz? Experimente, mas é preciso muita prudência para experimentar. Vivemos em um mundo desagradável, onde não apenas as pessoas, mas os poderes estabelecidos têm interesse em nos comunicar afetos tristes. A tristeza, os afetos tristes são todos aqueles que diminuem nossa potência de agir. Os poderes estabelecidos têm necessidade de nossas tristezas para fazer de nós escravos. O tirano, o padre, os tomadores de almas, têm necessidade de nos persuadir que a vida é dura e pesada. Os poderes têm menos necessidade de nos reprimir do que de nos angustiar, ou, como diz Virilio, de administrar e organizar nossos pequenos terrores íntimos. […] Os doentes, tanto da alma quanto do corpo, não nos largarão, vampiros, enquanto não nos tiverem comunicado sua neurose e sua angústia, sua castração bem-amada, o ressentimento contra a vida, o imundo contágio. Tudo é caso de sangue. Não é fácil ser um homem livre: fugir da peste, organizar encontros, aumentar a potência de agir, afetar-se de alegria, multiplicar os afetos que exprimem ou envolvem um máximo de afirmação. Fazer do corpo uma potência que não se reduz ao organismo, fazer do pensamento uma potência que não se reduz à consciência. (Deleuze e Parnet, "Diálogos", p. 75, Editora Escuta, 1ª ed., 1998, trad. de Eloísa Araújo Ribeiro)

    O que interessa ao capitalismo são as diferentes máquinas de desejo e de produção que ele poderá conectar à máquina de exploração: teus braços, se você é varredor de rua, tuas capacidades intelectuais, se você é engenheiro, tuas capacidades de sedução, se você é garota-propaganda: quanto ao resto, ele não só está pouco ligando como não quer nem ouvir falar. Tudo que fale em nome do restante não faz senão perturbar a ordem de seu regime de produção. (Guattari, "Revolução molecular", p. 79, Editora Brasiliense, 2ª ed., trad. de Suely Rolnik).

    Aos meios tradicionais de coerção direta, o poder capitalista não para de acrescentar dispositivos de controle que requerem, se não a cumplicidade de cada indivíduo, pelo menos seu consentimento passivo. Mas tal ampliação de sua ação não é possível, na medida em que esta esteja em condições de atingir as próprias molas da vida e da atividade humana. A miniaturização dos meios vai aqui bem além dos maquinismos técnicos. É no funcionamento de base dos comportamentos perceptivos, sensitivos, afetivos, cognitivos, linguísticos, etc., que se engasta a maquinaria capitalística, cuja parte desterritorializada "invisível" é, sem dúvidas, a mais implacavelmente eficaz. Não podemos aceitar as explicações teóricas da alienação das massas a partir de uma engambelação ideológica qualquer ou de uma paixão coletiva masoquista. O capitalismo se apodera dos seres humanos por dentro. Sua alienação pelas imagens e ideias é apenas um dos aspectos de um sistema geral de servomecanismo [servidão maquínica] de seus meios fundamentais de semiotização, tanto individuais quanto coletivos. Os indivíduos são "equipados" de modos de percepção ou de normalização de desejo, da mesma forma que as fábricas, as escolas, os territórios. […] O capitalismo pretende se apoderar das cargas de desejo que a espécie humana traz em si. (Guattari, "Revolução molecular", p. 205 e 206, Editora Brasiliense, 2ª ed.).

    A culpabilização é uma função da subjetividade capitalística. A raiz das tecnologias capitalísticas de culpabilização consiste em propor sempre uma imagem de referência a partir da qual colocam-se questões tais como: “quem é você?”, “você que ousa ter uma opinião, você fala em nome de quê?”, “o que você vale na escala de valores reconhecidos enquanto tais na sociedade?”, “a que corresponde sua fala?”, “que etiqueta poderia classificar você?” E somos obrigados a assumir a singularidade de nossa própria posição com o máximo de consistência. Só que isso é frequentemente impossível de fazermos sozinhos, pois uma posição implica sempre um agenciamento coletivo. No entanto, à menor vacilação diante dessa exigência de referência, acaba-se caindo automaticamente numa espécie de buraco, que faz com que a gente comece a se indagar: “afinal de contas quem sou eu? Será que sou uma merda?” É como se nosso próprio direito de existência desabasse. E aí se pensa que a melhor coisa que se tem a fazer é calar-se e interiorizar esses valores. (Guattari e Rolnik, "Micropolítica: cartografias do desejo", p. 49, Editora Vozes, 7ª ed., 2005).

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  • Trecho de aula em 30/11/22, por Amauri Ferreira.

    00:00 - Exposição dos conceitos
    36:15 - Citações comentadas

    CITAÇÕES COMENTADAS

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  • Trecho de aula em 06/07/22, por Amauri Ferreira.

    Livro INTRODUÇÃO À FILOSOFIA DE SPINOZA

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  • Áudio extraído de videoaula no canal de Amauri Ferreira no YouTube

    Trecho de aula online em 05/04/22.

    Citações lidas e comentadas no vídeo a partir de 21:20 :

    Pensemos essa ideia em sua forma mais terrível: a existência, tal como ela é, sem sentido e sem meta, mas inevitavelmente retornando, sem um final no nada: “o eterno retorno”. Esta é a forma mais extrema do niilismo: o nada (o “sem sentido”) eternamente! Forma europeia do budismo: energia do saber e da força obriga a tal crença. Essa é a mais científica de todas as hipóteses possíveis. Nós negamos metas conclusivas: se a existência tivesse uma meta, então ela já precisaria ter sido alcançada. (Fragmentos póstumos, volume VI, 5 (71), Verão de 1886 – Outono de 1887, Forense Universitária, 1ª edição, 2013)

    1. O pensamento do eterno retorno: suas pressuposições, que haveriam de ser verdadeiras se ele fosse verdadeiro. O que se segue dele.
    2. Como o pensamento mais pesado: seu provável efeito caso não se tome precaução, isto é, caso todos os valores não sejam transvalorados.
    3. Meios de suportá-lo: a transvaloração de todos os valores: não mais o prazer na certeza, mas na incerteza; não mais “causa e efeito”, mas o constante criativo; não mais vontade de conservar-se, mas antes vontade de poder etc., não mais o modo de dizer humilde “tudo é somente subjetivo”, mas sim “isso é também nossa obra!”, fiquemos orgulhosos disso! (A vontade de poder, 1059, Contraponto Editora, 1ª edição, 2008)

    Minha fórmula para a grandeza no homem é amor fati: nada querer diferente, seja para trás, seja para a frente seja em toda a eternidade. Não apenas suportar o necessário, menos ainda ocultá-lo – todo idealismo é mendacidade ante o necessário – mas amá-lo... (Ecce homo, Por que sou tão inteligente, 10, Companhia das letras, 2ª edição, 2003)

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    Livro INTRODUÇÃO À FILOSOFIA DE NIETZSCHE

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    Trecho de aula online em 04/11/21.

    Citações lidas e comentadas no áudio a partir de 22:30 :

    O movimento evolutivo seria coisa simples, seria coisa rápida determinar sua direção, se a vida descrevesse uma trajetória única, comparável a de uma bala maciça lançada por um canhão. […] Quando o obus explode, sua fragmentação particular explica-se tanto pela força explosiva da pólvora que ele contém quanta pela resistência que o metal lhe opõe. O mesmo vale para a fragmentação da vida em indivíduos e espécies. Esta, cremos nós, prende-se a duas séries de causas: a resistência que a vida experimenta por parte da matéria bruta e a força explosiva - devida a um equilíbrio instável de tendências - que a vida carrega em si. A resistência da matéria bruta é o obstáculo que foi preciso contornar primeiro. [...] As formas animadas que apareceram primeiro foram, portanto, de uma simplicidade extrema. Eram certamente pequenas massas de protoplasma mal diferenciado, comparáveis, por fora, às Amebas que observamos hoje, mas com, em acréscimo, o formidável ímpeto interior que iria guindá-las ate às formas superiores da vida. […] As bifurcações, ao longo do trajeto, foram numerosas, mas houve muitos becos sem saída ao lado das duas ou três grandes estradas; e, dentre essas estradas elas próprias, uma única, aquela que sobe pelos Vertebrados até o homem, foi larga o suficiente para deixar passar livremente o grande sopro da vida. (A evolução criadora, p. 107 a 110, Martins Fontes Editora, 1ª edição, 2005).

    Procura-se a mobilidade, procura-se a agilidade, procura-se – através de muitos tateios e não sem ter inicialmente resvalado em um exagero da massa e da força brutal – a variedade dos movimentos. Mas essa procura ela própria foi feita em direções divergentes. […] A evolução dos Artrópodes teria atingido seu ponto culminante com o Inseto e, em particular, com os Himenópteros, assim como a dos Vertebrados com o homem. Agora, se notarmos que em parte alguma o instinto é tão desenvolvido quanto no mundo dos Insetos e que em nenhum grupo de Insetos é tão maravilhoso quanto nos Himenópteros, poderemos dizer que toda a evolução do reino animal, abstração feita dos recuos para a vida vegetativa, se realizou em duas vias divergentes, uma das quais ia para o instinto e a outra para a inteligência. (A evolução criadora, p. 144 a 146, Martins Fontes Editora, 1ª edição, 2005).

    Digamos, primeiro, que as distinções que iremos fazer serão excessivamente nítidas, justamente porque queremos definir no instinto aquilo que este tem de instintivo e na inteligência aquilo que esta tem de inteligente, ao passo que todo instinto concreto está misturado com inteligência, como toda inteligência real é penetrada por instinto. Além disso, nem a inteligência nem o instinto se prestam a definições rígidas; são tendências e não coisas feitas. Por fim, não se deve esquecer que no presente capítulo consideramos a inteligência e o instinto ao saírem da vida que os deposita ao longo de seu percurso. Ora, a vida manifestada por um organismo é, a nosso ver, um certo esforço para obter certas coisas da matéria bruta. Não será de admirar, então, que seja a diversidade desse esforço que nos impressiona no instinto e na inteligência e que vejamos nessas duas formas da atividade psíquica, antes de tudo, dois métodos diferentes de ação sobre a matéria inerte. Essa maneira um pouco estreita de considerá-los terá a vantagem de nos fornecer um meio objetivo de distingui-los. (A evolução criadora, p. 148, Martins Fontes Editora, 1ª edição, 2005).

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    Livro INTRODUÇÃO À FILOSOFIA DE BERGSON

    AMAURI FERREIRA é professor, escritor e filósofo. Desde 2006 ministra cursos livres de filosofia. É autor dos livros "Simplicidade Impessoal" (2019) e "Singularidades Criadoras" (2014). É também autor de livros introdutórios sobre Spinoza, Nietzsche e Bergson. Visite: https://www.amauriferreira.com

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    Trecho de aula online em 26/08/21.

    Citações lidas e comentadas no áudio a partir de 19:08 :

    A tarefa de criar um animal capaz de fazer promessas, já percebemos, traz consigo, como condição e preparação, a tarefa mais imediata de tornar o homem até certo ponto necessário, uniforme, igual entre iguais, constante, e portanto confiável. O imenso trabalho daquilo que denominei "moralidade do costume" (cf. Aurora, § 9, 14, 16) - o autêntico trabalho do homem em si próprio, durante o período mais longo da sua existência, todo esse trabalho pré-histórico encontra nisto seu sentido, sua justificação, não obstante o que nele também haja de tirania, dureza, estupidez e idiotismo: com ajuda da moralidade do costume e da camisa-de-força social, o homem foi realmente tornado confiável. (Genealogia da moral, 2ª dissertação, 2, Companhia das letras, 2003)

    Pergunta-se mais uma vez: em que medida pode o sofrimento ser compensação para a “dívida”? Na medida em que fazer sofrer era altamente gratificante, na medida em que o prejudicado trocava o dano, e o desprazer pelo dano, por um extraordinário contraprazer: causar o sofrer – uma verdadeira festa, algo, como disse, que era tanto mais valioso quanto mais contradizia o posto e a posição social do credor. Isto eu ofereço como uma suposição: pois é difícil sondar o fundo dessas coisas subterrâneas, além de ser doloroso; e quem aqui introduz toscamente o conceito de “vingança”, obscurece e cobre a visão, em vez de facilitá-la. […] Sem crueldade não há festa: é o que ensina a mais antiga e mais longa história do homem – e no castigo também há muito de festivo! (Genealogia da moral, 2ª dissertação, 6, Companhia das letras, 2003)

    ...se considerarmos os milênios anteriores à história do homem, sem hesitação poderemos afirmar que o desenvolvimento do sentimento de culpa foi detido, mais do que tudo, precisamente pelo castigo – ao menos quanto às vítimas da violência punitiva. […] A “má consciência”, a mais sinistra e mais interessante planta da nossa vegetação terrestre, não cresceu nesse terreno – de fato, por muitíssimo tempo os que julgavam e puniam não revelaram consciência de estar lidando com um “culpado”. Mas sim um causador de danos, com um irresponsável fragmento do destino. E este, sobre o qual, também parte do destino, se abatia o castigo, não experimentava outra “aflição interior” que não a trazida pelo surgimento súbito de algo imprevisto, como um terrível evento natural, a queda de um bloco de granito contra o qual não há luta. (Genealogia da moral, 2ª dissertação, 14, Companhia das letras, 2003)

    Afinal, consultemos a história: a qual esfera sempre pertenceu até agora a administração do direito, e também a própria exigência de direito? À esfera dos homens reativos, talvez? Absolutamente não; mas sim à dos ativos, fortes, espontâneos e agressivos. Historicamente considerado, o direito representa […] justamente a luta contra os sentimentos reativos, a guerra que lhes fazem os poderes ativos e agressivos, que utilizam parte de sua força para conter os desregramentos do pathos reativo e impor um acordo. (Genealogia da moral, 2ª dissertação, 14, Companhia das letras, 2003)

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    Livro INTRODUÇÃO À FILOSOFIA DE NIETZSCHE

    AMAURI FERREIRA é professor, escritor e filósofo. Desde 2006 ministra cursos livres de filosofia. É autor dos livros "Simplicidade Impessoal" (2019) e "Singularidades Criadoras" (2014). É também autor de livros introdutórios sobre Spinoza, Nietzsche e Bergson. Visite: https://www.amauriferreira.com

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    Aula 5, em 15/07/20 - Os prazeres, os desejos e a saúde da alma.

    Curso online ministrado no período de 17/06/20 a 15/07/20.

    0:00 - Resumo da aula 4.
    10:12 - O prazer estável e o prazer em movimento.
    25:54 - Citações comentadas.
    54:56 - A hierarquia dos desejos e a saúde da alma.
    1:16:41 - Citações comentadas.

    CLIQUE AQUI para acessar as citações que foram comentadas durante a aula.


    Apêndice:

    Vídeo "Epicuro e a felicidade", por Alain de Botton (destaque para o muro com pensamentos epicuristas, construído por Diógenes de Enoanda por volta de 120 d.c)


    A filosofia de Epicuro pretende nos preparar para vivermos de acordo com a Natureza e obtermos a saúde da alma. Para isso, é necessário investigarmos a Natureza a partir da sensação e por meio do raciocínio de que “nada nasce do nada” e que “o universo é formado de corpos e de vazio”. Por efeito, a alma de quem é sábio deixa de ser perturbada pelos fenômenos da Natureza e pela ideia da morte (ao contrário da alma de quem é insensato, que obedece às vãs opiniões e, por isso, está em constante agitação). Ao contemplar o que é agora, será e sempre foi no tempo transcorrido, o sábio desfruta da sua existência, se basta a si mesmo, vive feliz, sem infinitos desejos e temores.

    Aula 1 - Apresentação geral do curso.

    Aula 2 - Canônica: as sensações, as afecções e as antecipações ou prenoções.

    Aula 3 - Física (parte 1): as propriedades e os movimentos dos átomos; o espaço; os corpos compostos e as suas qualidades.

    Aula 4 - Física (parte 2): a alma e o espírito; a formação das sensações; os simulacros; a linguagem; os deuses.

    Aula 5 - Ética: os prazeres e a hierarquia dos desejos; a vida sábia e a saúde verdadeira.


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    AMAURI FERREIRA é professor, escritor e filósofo. Desde 2006 ministra cursos livres de filosofia. É autor dos livros "Simplicidade Impessoal" (2019) e "Singularidades Criadoras" (2014). É também autor de livros introdutórios sobre Spinoza, Nietzsche e Bergson. Visite: https://www.amauriferreira.com

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    Aula 4, em 08/07/20 - Alma e simulacros.

    Curso online ministrado no período de 17/06/20 a 15/07/20.

    0:00 - Resumo da aula 3.
    07:05 - A alma, o espírito e a formação das sensações.
    27:43 - Citações comentadas.
    1:10:09 - Os simulacros, a linguagem e os deuses.
    1:35:21 - Citações comentadas.

    CLIQUE AQUI para acessar as citações que foram comentadas durante a aula.


    Apêndices:

    Artigo "Somos realmente feitos de poeira das estrelas?"

    Vídeo do astrofísico Neil deGrasse Tyson sobre a nossa conexão química com o Universo

    Sobre a ilusão de ótica conhecida por "Fata Morgana"

    Sobre o fenômeno "pareidolia"



    A filosofia de Epicuro pretende nos preparar para vivermos de acordo com a Natureza e obtermos a saúde da alma. Para isso, é necessário investigarmos a Natureza a partir da sensação e por meio do raciocínio de que “nada nasce do nada” e que “o universo é formado de corpos e de vazio”. Por efeito, a alma de quem é sábio deixa de ser perturbada pelos fenômenos da Natureza e pela ideia da morte (ao contrário da alma de quem é insensato, que obedece às vãs opiniões e, por isso, está em constante agitação). Ao contemplar o que é agora, será e sempre foi no tempo transcorrido, o sábio desfruta da sua existência, se basta a si mesmo, vive feliz, sem infinitos desejos e temores.

    Aula 1 - Apresentação geral do curso.

    Aula 2 - Canônica: as sensações, as afecções e as antecipações ou prenoções.

    Aula 3 - Física (parte 1): as propriedades e os movimentos dos átomos; o espaço; os corpos compostos e as suas qualidades.

    Aula 4 - Física (parte 2): a alma e o espírito; a formação das sensações; os simulacros; a linguagem; os deuses.

    Aula 5 - Ética: os prazeres e a hierarquia dos desejos; a vida sábia e a saúde verdadeira.


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    AMAURI FERREIRA é professor, escritor e filósofo. Desde 2006 ministra cursos livres de filosofia. É autor dos livros "Simplicidade Impessoal" (2019) e "Singularidades Criadoras" (2014). É também autor de livros introdutórios sobre Spinoza, Nietzsche e Bergson. Visite: https://www.amauriferreira.com

  • Áudio extraído de videocurso no canal de Amauri Ferreira no YouTube

    Aula 3, em 01/07/20 - Os átomos e o vazio.

    Curso online ministrado no período de 17/06/20 a 15/07/20.

    0:00 - Resumo da aula 2.
    09:00 - As propriedades e os movimentos dos átomos.
    32:39 - Citações comentadas.
    1:08:53 - O espaço, os corpos compostos e as suas qualidades.
    1:27:20 - Citações comentadas.

    CLIQUE AQUI para acessar as citações que foram comentadas durante a aula.


    Apêndices:

    Artigo "A linha reta e o infinito na refundação epicureana do atomismo", por João Quartim de Moraes

    Vídeo sobre Demócrito, por Carl Sagan


    A filosofia de Epicuro pretende nos preparar para vivermos de acordo com a Natureza e obtermos a saúde da alma. Para isso, é necessário investigarmos a Natureza a partir da sensação e por meio do raciocínio de que “nada nasce do nada” e que “o universo é formado de corpos e de vazio”. Por efeito, a alma de quem é sábio deixa de ser perturbada pelos fenômenos da Natureza e pela ideia da morte (ao contrário da alma de quem é insensato, que obedece às vãs opiniões e, por isso, está em constante agitação). Ao contemplar o que é agora, será e sempre foi no tempo transcorrido, o sábio desfruta da sua existência, se basta a si mesmo, vive feliz, sem infinitos desejos e temores.

    Aula 1 - Apresentação geral do curso.

    Aula 2 - Canônica: as sensações, as afecções e as antecipações ou prenoções.

    Aula 3 - Física (parte 1): as propriedades e os movimentos dos átomos; o espaço; os corpos compostos e as suas qualidades.

    Aula 4 - Física (parte 2): a alma e o espírito; a formação das sensações; os simulacros; a linguagem; os deuses.

    Aula 5 - Ética: os prazeres e a hierarquia dos desejos; a vida sábia e a saúde verdadeira.


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    AMAURI FERREIRA é professor, escritor e filósofo. Desde 2006 ministra cursos livres de filosofia. É autor dos livros "Simplicidade Impessoal" (2019) e "Singularidades Criadoras" (2014). É também autor de livros introdutórios sobre Spinoza, Nietzsche e Bergson. Visite: https://www.amauriferreira.com

  • Áudio extraído de videocurso no canal de Amauri Ferreira no YouTube

    Aula 2, em 24/06/20 - Sensações, afecções e prenoções.

    Curso online ministrado no período de 17/06/20 a 15/07/20.

    0:00 - As sensações e as afecções.
    21:58 - Citações comentadas.
    49:38 - As antecipações ou prenoções.
    1:11:53 - Citações comentadas.

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    Apêndice:

    Introdução do livro "Epicuro e as bases do epicurismo" (Paulus), de Miguel Spinelli



    A filosofia de Epicuro pretende nos preparar para vivermos de acordo com a Natureza e obtermos a saúde da alma. Para isso, é necessário investigarmos a Natureza a partir da sensação e por meio do raciocínio de que “nada nasce do nada” e que “o universo é formado de corpos e de vazio”. Por efeito, a alma de quem é sábio deixa de ser perturbada pelos fenômenos da Natureza e pela ideia da morte (ao contrário da alma de quem é insensato, que obedece às vãs opiniões e, por isso, está em constante agitação). Ao contemplar o que é agora, será e sempre foi no tempo transcorrido, o sábio desfruta da sua existência, se basta a si mesmo, vive feliz, sem infinitos desejos e temores.

    Aula 1 - Apresentação geral do curso.

    Aula 2 - Canônica: as sensações, as afecções e as antecipações ou prenoções.

    Aula 3 - Física (parte 1): as propriedades e os movimentos dos átomos; o espaço; os corpos compostos e as suas qualidades.

    Aula 4 - Física (parte 2): a alma e o espírito; a formação das sensações; os simulacros; a linguagem; os deuses.

    Aula 5 - Ética: os prazeres e a hierarquia dos desejos; a vida sábia e a saúde verdadeira.


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    AMAURI FERREIRA é professor, escritor e filósofo. Desde 2006 ministra cursos livres de filosofia. É autor dos livros "Simplicidade Impessoal" (2019) e "Singularidades Criadoras" (2014). É também autor de livros introdutórios sobre Spinoza, Nietzsche e Bergson. Visite: https://www.amauriferreira.com

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    Aula 1, em 17/06/20 - Apresentação geral do curso.

    Curso online ministrado no período de 17/06/20 a 15/07/20.

    0:00 - Apresentação geral.
    43:13 - Citações comentadas.

    CLIQUE AQUI para acessar as citações que foram comentadas durante a aula.

    A filosofia de Epicuro pretende nos preparar para vivermos de acordo com a Natureza e obtermos a saúde da alma. Para isso, é necessário investigarmos a Natureza a partir da sensação e por meio do raciocínio de que “nada nasce do nada” e que “o universo é formado de corpos e de vazio”. Por efeito, a alma de quem é sábio deixa de ser perturbada pelos fenômenos da Natureza e pela ideia da morte (ao contrário da alma de quem é insensato, que obedece às vãs opiniões e, por isso, está em constante agitação). Ao contemplar o que é agora, será e sempre foi no tempo transcorrido, o sábio desfruta da sua existência, se basta a si mesmo, vive feliz, sem infinitos desejos e temores.

    Aula 1 - Apresentação geral do curso.

    Aula 2 - Canônica: as sensações, as afecções e as antecipações.

    Aula 3 - Física (parte 1): as propriedades e os movimentos dos átomos; o espaço; os corpos compostos e as suas qualidades.

    Aula 4 - Física (parte 2): a alma e o espírito; a formação das sensações; os simulacros; a linguagem; os deuses.

    Aula 5 - Ética: os prazeres e a hierarquia dos desejos; a vida sábia e a saúde verdadeira.


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    AMAURI FERREIRA é professor, escritor e filósofo. Desde 2006 ministra cursos livres de filosofia. É autor dos livros "Simplicidade Impessoal" (2019) e "Singularidades Criadoras" (2014). É também autor de livros introdutórios sobre Spinoza, Nietzsche e Bergson. Visite: https://www.amauriferreira.com

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    Trecho de aula online em 22/03/21.

    Citações lidas e comentadas no áudio a partir de 32:30 :

    O mundo subsiste; ele não é nada que vem a ser, nada que perece. Ou, ao contrário: ele vem a ser, ele perece, mas nunca começou a vir a ser e nunca cessou de perecer – ele se mantém nos dois casos... ele vive por si mesmo: seus excrementos são seu alimento... […] Se o mundo pudesse efetivamente se solidificar, se enrijecer, chegar ao fim, se ele pudesse se transformar em nada, ou se um estado de equilíbrio pudesse ser alcançado, ou se ele tivesse uma meta qualquer, que encerrasse em si a duração, a inalterabilidade, o de-uma-vez-por-todas (em suma, dito em termos metafísicos: se o devir pudesse desaguar no ser ou no nada), então esse estado já precisaria ter sido alcançado. Mas ele não foi alcançado: de onde se segue... Essa é a nossa única certeza, uma certeza que mantemos em nossas mãos, a fim de servir como corretivo contra uma grande quantidade de hipóteses de mundo em si possíveis. Se, por exemplo, o mecanismo não pode escapar da consequência de um estado final, consequência essa retirada por Thompson [William Thomson], então o mecanismo é, com isso refutado. Se o mundo pode ser pensado como determinada grandeza de força e como determinado número de centros de força – e toda e qualquer outra representação permanece indeterminada e consequentemente inútil –, então se segue daí que ele tem de percorrer um número calculável de combinações no grande jogo de dados de sua existência. Em um tempo infinito, cada possível combinação seria algum dia alcançada; mais ainda, ela seria alcançada infinitas vezes. E como todas as combinações ainda efetivamente possíveis precisariam ter sido percorridas entre cada “combinação” e seu próximo “retorno” e como cada uma dessas combinações condiciona toda a sequência de combinações na mesma série, então estaria demonstrado, com isso, um circuito de séries absolutamente idênticas: o mundo como circuito que já se repetiu de maneira infinitamente frequente e que joga o seu jogo ao infinitum. Essa concepção não é simplesmente uma concepção mecanicista: pois, se ela o fosse, então não teria como condição um retorno infinito de casos idênticos, mas um estado final. Como o mundo não o atingiu, o mecanismo precisa ser considerado por nós uma hipótese incompleta e apenas provisória. (Fragmentos póstumos, volume VII, 14 (188), Começo do ano 1888, Forense Universitária, 1ª edição, 2012, tradução de Marco Antônio Casanova)

    E sabeis sequer o que é para mim “o mundo”? Devo mostrá-lo a vós em meu espelho? Este mundo: uma monstruosidade de força, sem início, sem fim, uma firme, brônzea grandeza de força, que não se torna maior, nem menor, que não se consome, mas apenas se transmuda, inalteravelmente grande em seu todo, […] como jogo de forças e ondas de força ao mesmo tempo um e múltiplo, aqui acumulando-se e ao mesmo tempo ali minguando, um mar de forças tempestuando e ondulando em si próprias, eternamente mudando, eternamente recorrentes, com descomunais anos de retorno, com uma vazante e enchente de suas configurações, […] abençoando a si próprio como Aquilo que eternamente tem de retornar, como um vir-a-ser que não conhece nenhuma saciedade, nenhum fastio, nenhum cansaço –: esse meu mundo dionisíaco do eternamente-criar-a-si-próprio, esse mundo secreto da dupla volúpia, esse meu “para além de bem e mal”, sem alvo, se na felicidade do círculo não está um alvo, sem vontade, se um anel não tem boa vontade consigo mesmo –, quereis um nome para esse mundo? Uma solução para todos os seus enigmas? Uma luz também para nós, vós, os mais escondidos, os mais fortes, os mais intrépidos, os mais da meia-noite? – Esse mundo é a vontade de potência – e nada além disso! E também vós próprios sois essa vontade de potência – e nada além disso! (A vontade de potência, 1067, p. 449, coleção “Os pensadores: Nietzsche”, Nova Cultural, 1999, tradução de Rubens Rodrigues Torres Filho).

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    Livro INTRODUÇÃO À FILOSOFIA DE NIETZSCHE

    AMAURI FERREIRA é professor, escritor e filósofo. Desde 2006 ministra cursos livres de filosofia. É autor dos livros "Simplicidade Impessoal" (2019) e "Singularidades Criadoras" (2014). É também autor de livros introdutórios sobre Spinoza, Nietzsche e Bergson. Visite: https://www.amauriferreira.com