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A Procuradora-Geral da República nunca deu uma entrevista. A ministra da Justiça, sim; esta semana; para dizer que quem suceder a Lucília Gago terá de pôr ordem na casa. Leia-se: no Ministério Público. Sublinhe-se: quem vier a seguir. Conclua-se: desta procuradora já não há nada a esperar. O que é que isto tem a ver com a escolha de António Costa para o cargo de Presidente do Conselho Europeu? Mais do que poderá parecer à primeira vista aos mais desatentos. Enquanto isso, a comissão de inquérito ao caso das gémeas prossegue; falta saber se focada no essencial ou mais inclinada para o reality show acessório. A cena internacional está, entretanto, dominada por duas eleições: uma, em França, que tem a primeira volta este fim de semana; a outra, em que vai ser escolhido o próximo inquilino da Casa Branca, tendo ficado claro, no primeiro frente-a-frente, que a escolha será entre um fanfarrão mentiroso e um idoso com dificuldades de ordem cognitiva. Está a ser um festim para os memes.
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Os resultados eleitorais viraram a política portuguesa de pantanas. A AD ganhou à tangente, o PS perdeu mais de 40 deputados e o Chega quadruplicou a representação parlamentar. André Ventura, com os 18% que obteve, foi declarado o grande vencedor e foi rápido a exigir ter uma voz activa no que aí vem. Esquece, no entanto, que 82% do eleitorado não só não votou nele como explicitamente o rejeita. Luís Montenegro mantém-se fiel ao “não é não” e vê-se obrigado a encontrar uma solução de governo, mesmo antes de contados todos os votos. Até porque Pedro Nuno Santos, numa espécie de jogo do quem perde-ganha, teve pressa em declarar-se derrotado. Os próximos tempos vão ser animados.
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Pedro Nuno Santos anunciou a ambição de tornar Portugal “grande outra vez”. Já só lhe falta encomendar bonés com a frase - e pagar os royalties devidos a Donald Trump. A semana política ficou marcada pela aprovação das listas de candidatos a deputados da AD e pelo Congresso do Chega, onde Ventura foi brindado com uma reeleição albanesa e onde o próprio Ventura brindou os portugueses com promessas em que talvez nem ele acredite. Pelo meio, o “avô fascista” sentiu necessidade de voltar com a palavra atrás e vir dizer que “fascista” era ironia. Enquanto isso, um jornalista foi arrastado à força para fora de uma sala onde Ventura se reuniu com estudantes e Cavaco Silva foi muito elogiado num artigo de opinião na imprensa. Por quem? Por Cavaco Silva.
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Temos esta semana a relação epistolar de Luiz Pacheco com os filhos na reedição de Cartas na Mesa; a poesia reunida de Hilda Hilst e Sebastião Alba; o Hotel Savoy, de Joseph Roth, que teve a edição original há precisamente cem anos; e uma história concisa e equilibrada do conflito israelo-palestiniano da autoria do historiador inglês Michael Scott-Baumann. Boas leituras.
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Filmes de série b e buscas domiciliárias combinam bem. E, para ajudar ao espectáculo, uma polémica sobre um cartoon. Onde a coisa já começa a tomar outras proporções é quando um ministro liga para a administração da televisão pública a dizer que não gosta da programação. Será que esse membro do Governo tem condições para continuar a exercer funções como se nada fosse? Já é normal um ministro interferir em critérios de programação? Enquanto isso, o país discutia acaloradamente se um outro ministro devia ou não ter criticado, nos termos em que criticou, os deputados da comissão de inquérito à TAP. E um político na reforma foi arrancado à sua tranquilidade por buscas domiciliárias. O espectáculo de ironia que entretanto proporcionou foi a demonstração prática de que quem ler aquilo que vem a público demasiado ao pé da letra pode não entender nada da realidade em que vivemos
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A comissão de inquérito à TAP, conclui-se do relatório preliminar, não encontrou razões para a realização de uma comissão de inquérito. Como também não terá havido razões para a demissão do ministro da tutela que se demitiu. António Costa, que prometeu tirar ilações no fim dos trabalhos, talvez devesse pedir a Pedro Nuno Santos que reconsidere e regresse ao cargo. Em França, a polícia cometeu um crime, a raiva juvenil partiu montras e incendiou carros e durante uma semana houve um cheirinho a guerra civil. Nos Açores, um chefe de gabinete do governo regional não gostou de um livro e ameaçou um escritor. E o bispo que preside à Jornada Mundial da Juventude achou por bem confessar em público os seus delitos automobilísticos à espera de perdão com a vinda do Papa a Portugal. Que ninguém diga deste moscatel (e deste fortimel) não beberei.
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